Relatos de um parto prematuro – Novembro Roxo

Oi meu amor! Tudo bem com você?

Quero aproveitar este mês oportuno, para falar sobre o novembro Roxo. O que é o novembro roxo? Com o intuito de criar conscientização para os problemas da Prematuridade, o mês de novembro foi designado novembro Roxo, um mês inteiro dedicado à realização de campanhas e ações em favor dos bebês prematuros. Em 17 de novembro é celebrado em todo o mundo o ‘Dia Mundial da Prematuridade’.

O que poucos sabem é que Caio meu filho mais novo de 6 meses com idade corrigida de 4 meses, nasceu prematuro de 32 semanas. Apesar de eu ser diabética e a gravidez já ser de risco, o que me fez entrar em trabalho de parto foi uma infecção urinária e eu não tinha ideia que isso poderia causar tanto estrago em uma gestação. Demorei avisar minha médica que eu estava com suspeita de infecção urinária, ao pedir os exames foi detectado a bactéria e já entramos com os remédios, mas como eu disse, eu demorei avisar então foi meio tarde demais. No sábado do dia 23/05/2020 comecei a sentir minha barriga dura, mas eu jurava que seria ele mexendo, eu falava: “tem alguém querendo sair pelo meu umbigo”. Apesar de ser o segundo filho eu nunca havia entrado em trabalho de parto, pois tive cesariana, pois por ser diabética, meu primeiro filho ficou bem grande e nasceu com 38 semanas.

De Domingo para Segunda-feira a barriga estava dura e eu achando que Caio estava apenas se mexendo, já na terça dia 26 por volta das 19h eu comecei a sentir cólicas juntamente com a barriga dura, no caso as contrações. Liguei para minha médica que me pediu para ir à emergência do hospital. Chegando lá fiz exames para saber como estavam as contrações, que já estavam com intervalo de 2 min. Fui internada para tentar segurar o bebê, com 32 semanas o sistema respiratório ainda não estava pronto.

Estava tomando remédios para não ter contrações, Tramal para não sentir dor, antibiótico para tratar da infecção e corticoide para ajudar no desenvolvimento do pulmãozinho do bebê. Os remédios para não ter dores e contações não estavam resolvendo e eu teria que tomar 2 doses de corticoide nas tomei apenas 1 por não ter dado tempo.

Por volta das 09h da manhã do dia 27/05 comecei a sangrar, eu achei que naquela hora eu estava perdendo meu filho, chamei a enfermeira que já veio acompanhada da médica para o exame de toque e me informaram que na verdade eu estava tendo dilatação, eu estava com 2cm. As 10h eu já estava muito cansada, fraca. Pedi a médica que se meu filho realmente fosse nascer que me levasse para sala cirúrgica, pois eu não estava mais aguentando, ela fez outro toque e eu estava com 3 cm e já pediu para a equipe me levar para o centro cirúrgico.

A equipe era bem grande, assim que a anestesia fez efeito me senti aliviada das dores, às 10:45 Caio passou por “cima” de mim sem chorar e todo mole e por 5 a 10 minutos eu só escutava o barulho das maquinas e da equipe de médicos com o Caio, mas sem nem um choro. E eu pedindo a Deus para cuidar do meu bebê, até que veio o choro e um pediatra me avisar que eu não poderia ter meu filho no colo, ele já estava no oxigênio e dentro da incubadora a caminho da UTI Neonatal, que eu só poderia vê-lo a noite.

Quando eu o vi entrei em estado de choque ao vê-lo cheio de fios, todo roxinho e usando CPAP para respirar. E um medo que não me deixava descansar. Passamos eu e meu esposo 20 dias “morando” no hospital, íamos para casa apenas para dormir e logo cedo já estávamos na UTIN novamente. Todos os dias era uma luta, chegávamos na esperança de notícias novas. Eu sentindo muitas dores devido a cirurgia e não estar em resguardo, as pernas mega inchadas.
Após 3 dias, chegamos e vimos ele sem o CPAP, sem a touquinha e sem roxo na pele. Outro dia chegamos e ele estava de óculos e tomando banho de luz para tratar a icterícia. Em um outro quando chegamos me perguntaram se eu queria amamentá-lo, depois de 15 dias foi a primeira vez que eu pude segurar meu filho. Ele melhorando mais e mais a cada dia, com 37 semanas pudemos ficar com ele internado no apartamento, ficamos por 4 dias até que recebemos alta hospitalar.

Rodrigo já estava louco para conhecer o irmãozinho. Por causa da pandemia só os pais poderiam acompanhar, não era por estar em uma UTI, mas pelo risco de contágio do vírus do covid-19. Chegamos em casa e foi só alegria.

Mas ninguém podia tocar no Caio, pois como ele ficou muito tempo em uma UTI teve colonização de bactérias. E nos 4 dias que ficamos no apartamento ele estava em precaução, ninguém tocava nele sem luvas, capote e máscara.

Depois de alguns dias quando fui ler os laudos médicos do hospital, fiquei surpresa do quanto ele lutou para se manter vivo, inclusive que lá estava escrito que ele teve que ser reanimado, foi ai que eu entendi o porquê demorou tanto para eu escutar seu choro.

Há! Ainda para completar tinha um nó verdadeiro no cordão umbilical. Isso ocorre quando o cordão dá um nó em si mesmo. Esse tipo de problema é raro, ocorrendo em cerca de 2% dos casos de gravidez apenas, mas gera muita preocupação, já que, dependendo de quão apertado o nó está, ele pode até mesmo interromper a troca de nutrientes entre a mãe e o bebê.

Temos que cuidar todos os dias para que ele não adoeça, que não fique gripado. Ele será considerado prematuro até os 2 anos de idade. Mas ele é uma criança feliz e muito saudável graças a Deus.

 

 

 

 

 

 

 

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